18/05/2015

Tenha MUITO cuidado ao consultar seu gerente de banco na hora de investir

Ele sabe mais sobre a sua vida financeira do que sua família ou amigos. Ele o salva dos apertos no final do mês. Ele avisa quando aquela conta que você esqueceu está prestes a vencer. Mas você não deve confiar (cegamente) nele. Estamos falando do gerente de banco, o consultor informal de investimentos do brasileiro.

 
Por mais honesto e bem preparado que esse profissional possa ser, ele enfrenta pressões por resultados, que nem sempre jogam a favor do cliente.

Suas recomendações de investimento são restritas por pelo menos duas condições importantes: são limitadas ao "cardápio" de produtos oferecidos pelo banco em que trabalha; precisam atender à política de metas de sua empresa.

 

Bancos lucram emprestando dinheiro, mas também vendendo produtos como seguros e aplicações financeiras, pelos quais cobram taxas de serviço. Alguns produtos rendem mais dinheiro do que outros, o que pode explicar por que uns são tão populares nas agências bancárias e outros são quase um segredo.

Os títulos de capitalização são o melhor exemplo. Nos últimos cinco anos, a receita dos bancos com esse produto quase dobrou, segundo estatísticas da federação do setor (Fenacap). E até outubro, havia mais de R$ 20 bilhões aplicados nesses títulos, sempre criticados por consultores de investimento como o pior investimento possível para o dinheiro do correntista.
 
O produto corrige o dinheiro guardado somente pela inflação e costuma impor um enorme desconto quando o saque é feito em prazo inferiores a um ano. Mas atrai os clientes devido aos prêmios oferecidos.
 
"O primeiro motivo [para a popularidade desse produto] é o maior lucro dos bancos nos títulos de capitalização e o consequente comissionamento [pagamento de comissões] ao gerente. O segundo, geralmente, é a falta de conhecimento sobre o Tesouro Direto e outros produtos financeiros. Mas é lógico que não podemos generalizar. Deve haver gerentes que até mencionam essa aplicação", diz o consultor Leandro Martins, autor do livro "Aprenda a Investir".
 
A desvantagem das aplicações no Tesouro Direto, do ponto de vista dos bancos, é a taxa cobrada pelo serviço, que é bastante inferior na comparação com outros produtos. Fundos de investimento, por exemplo, têm taxas de serviço (as taxas de administração) acima de 1,5% sobre o ganho.
 
No caso do Tesouro Direto, essas taxas mal ultrapassam 0,5% no caso das opções mais caras. A desvantagem: o correntista precisa escolher os títulos em que aplicar, um serviço prestado pelos bancos no caso dos fundos (que são, na verdade, "carteiras" formadas por vários títulos públicos).
 
"Os bancos têm metas cobradas mensal ou trimestralmente de seus funcionários. E é pelo cumprimento dessas metas que o gerente vai ganhar prêmios ou receber promoções. Para mim, é um caso de conflito de interesses que não tem solução", diz André Bona, assessor de investimentos da consultoria Valor.

Fonte : Uol
http://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/redacao/2012/12/07/em-materia-de-investimentos-tenha-cautela-com-os-gerentes-de-banco.htm